Não queria que se habituasse a mim, ou que se tornasse comum me ter por perto, ser uma presença boa, a qual seria agradável na velhice, queria que nos curtíssemos jovens e bonitos,cheios de disposição e desejo.
Sexo e carinhos, e claro que bons papos também, mas sobretudo que fosse agora; sãos e dispostos. Sei que sementes são fáceis de se locomoverem, até que criem raízes, eu sou uma semente num campo sem vento, e acho que além disso vazio, pelo menos vazio de quem desejo.
Vejo você, semente que voa, e chego a sentir inveja, e talvez também remorso de não tê-la feito brotar, só pra ficar por perto, mas sementes não tem regadores. Quem sabe talvez chova, e com a chuva você encontre motivos para criar raízes perto de mim, ou quem sabe a enxurrada me leve para sementes mais parecidas comigo e lá eu brote, quem sabe te transforme em uma árvore distante de mim, ou quem sabe ainda carunchemos antes que tenhamos a chance de oferecer sombra.
Quem sabe?
[Lukas Solano]
P.S. Esse post é o primeiro que não tem imagem, ele foi retirado de uma noite de dor, agora relembrada, e a dor não precisa ser vista.